Substituir um fogão a gás por uma placa elétrica é a forma mais rápida de baixar emissões na cozinha, mas surge logo a dúvida: vitrocerâmica ou indução? Ambas consomem eletricidade, partilham design em vidro preto e controlos táteis, porém funcionam distintamente e têm resultados diversos em eficiência, rapidez, segurança e preço.
O que são placas vitrocerâmicas e como funcionam?
A vitrocerâmica é, no fundo, uma resistência elétrica protegida por uma placa de vidro. Quando liga uma das posições da placa, a corrente aquece a resistência que passa o calor para a superfície de vidro que, por sua vez, transfere energia para o tacho. O calor irradia em círculo, visível pelo tom vermelho do elemento, e mantém-se mesmo após desligar, o que lhe permite aproveitar o calor residual para terminar a confeção.
Vantagens imediatas: preço de compra baixo, compatibilidade com qualquer panela (alumínio, barro, inox ou ferro) e instalação elétrica simples. Desvantagens: arranque lento e precisa de mais tempo para ferver um litro de água. Há também perda de energia para o ar envolvente e na superfície que permanece quente vários minutos após o uso.
O que são placas de indução e como funcionam?
A indução substitui a resistência por bobinas de cobre. As bobinas geram um campo magnético que atravessa o vidro e excita as moléculas metálicas no fundo do recipiente. O calor forma-se na panela, não na superfície. Resultado: fervura de um litro de água em menos de dois minutos, regulação instantânea da temperatura e praticamente zero calor desperdiçado para o ambiente.
Este método exige tachos adequados, em ferro fundido ou aço inox apropriado. O alumínio ou vidro não funcionam a menos que tenham um disco ferromagnético incorporado. Os modelos atuais detetam automaticamente se o utensílio é compatível e desligam-se caso não identifiquem um metal apto, aumentando a segurança doméstica.
Tabela comparativa: vitrocerâmica vs. indução, vantagens e desvantagens
Critério |
Placa vitrocerâmica |
Placa de indução |
Eficiência útil |
Até 70% da energia chega ao alimento |
Até 90% da energia chega ao alimento |
Velocidade de aquecimento |
Ferve 1 litro de água em cerca de 6 minutos |
Ferve 1 litro de água em menos de 2 minutos |
Controlo de temperatura |
Resposta retardada |
Ajuste instantâneo, ideal para molhos delicados |
Segurança |
Superfície mantém-se quente após uso |
Superfície relativamente fria; desliga se não houver panela ou em caso de derrame |
Compatibilidade de panelas |
Qualquer material |
Fundo com material apropriado |
Limpeza |
Superfície lisa e os resíduos podem queimar e agarrar ao vidro |
Superfície lisa com menos derrames queimados e agarrados porque vidro não aquece tanto |
Ruído |
Silenciosa |
Ventoinha de arrefecimento com um som ligeiro |

Consumo de energia: qual placa é mais eficiente?
A eficiência mede a parte da eletricidade que realmente aquece o alimento. Foram realizados ensaios que indicam que a placa de indução transfere até 90% do calor para o recipiente, contra 70-75% numa placa de vitrocerâmica convencional.
Preço: quanto custa cada tipo de placa?
Há, naturalmente, uma grande variedade de placas no mercado e diversas gamas de preços. A seguir damos uma indicação do que pode esperar encontrar em termos de preços:
Vitrocerâmica
- Entrada de gama (60 cm, 3 zonas): 140-200 €
- Gama média (60 cm, 3 zonas): 200-400 €
Indução
- Entrada de gama (3 zonas): 150-200 €
- Gama média e alta (3 zonas): 200-900 €
As contas completas exigem somar panelas novas (caso não sejam adequadas para indução magnética) e a eletricidade poupada durante os anos de vida útil do equipamento.
Segurança: qual placa é mais segura?
A indução coloca-se à frente por três motivos:
- Vidro menos quente. Como o calor é gerado diretamente no tacho ou panela, a superfície da placa de indução atinge temperaturas inferiores e arrefece mais depressa.
- Desligar automático. A deteção de panela ausente, transbordo de líquidos ou sobreaquecimento corta a corrente em segundos.
- Sem chama nem gás. Menor libertação de NO₂ e CO, vantagem em cozinhas pouco ventiladas.
A vitrocerâmica compensa parcialmente com indicadores de calor residual (luz “H” acesa enquanto a zona estiver > 50 °C), mas não evita o perigo de contacto inadvertido, sobretudo em casas com crianças.
Limpeza e manutenção: qual placa é mais fácil de limpar?
Em ambos os casos o vidro é liso, sem grelhas ou bicos. Contudo, as diferenças subtis contam:
- Vitrocerâmica: como o vidro aquece, restos de molho queimam e aderem, exigindo raspador metálico e produto desincrustante. Riscos são comuns se se usar palha de aço ou esfregão abrasivo.
- Indução: o derrame não carboniza porque o vidro fica morno e pode ser suficiente um pano húmido e detergente neutro. A ventoinha interna requer passagem de ar limpa e desimpedida.
Vale a pena mudar de vitrocerâmica para indução?
Sim, se:
- Cozinha diariamente e valoriza a rapidez;
- Está disponível para trocar as panelas/frigideiras/tachos caso seja necessário.
Talvez não, se:
- Cozinha esporadicamente e já tem uma vitrocerâmica funcional;
- Usa tachos de barro, alumínio ou wok tradicional que não são magnéticos;
- Tem orçamento limitado para o eletrodoméstico e para panelas/frigideiras/tachos novos.
Como maximizar a eficiência, independentemente da placa
- Cozinhe sempre com tampa. Fechar panelas e tachos reduz a fuga de vapor, acelera o aquecimento e corta minutos de consumo elétrico em qualquer tipo de placa.
- Desligue antes do fim e aproveite o calor residual. Nas placas vitrocerâmicas, o vidro mantém-se quente vários minutos. Nas placas de indução, o tacho guarda energia suficiente para concluir a cozedura. Desligar a zona 2/3 minutos antes é energia que deixa de ir para a fatura.
- Use utensílios adequados.
- Placa de indução: fundo plano e material adequado, para o campo eletromagnético trabalhar a 100%.
- Placa vitrocerâmica: qualquer material serve, mas o fundo plano garante melhor contacto. Desta forma evita perdas e obtém um aquecimento uniforme.
- Mantenha a superfície impecável. Espere arrefecer e passe um pano húmido; se restarem resíduos, utilize um raspador de vidro próprio, nunca palha de aço, que risca o vidro e dificulta a transferência de calor nas utilizações seguintes.
A placa de indução vence em eficiência, resposta térmica e segurança. A placa de vitrocerâmica tem um menor custo de aquisição e compatibilidade universal de panelas, tachos, etc. Independentemente da preferência, analise o rótulo energético, compare preços numa loja de confiança e ajuste a potência contratada à nova carga. Este é o passo final para garantir que a mudança de placa se traduz em refeições mais rápidas, contas controladas e uma cozinha mais segura.
Caso esteja a equacionar fazer a transição de fogão a gás para fogão elétrico, poderá ter de reconsiderar a sua potência contratada, uma vez que irá utilizar mais um equipamento elétrico, sendo que, para tal, deverá calcular o consumo de energia da sua casa, para verificar se, efetivamente, é necessário alterar a potência. A nossa equipa poderá ajudar a selecionar a tarifa que melhor se adequa às suas necessidades de consumo.
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