A mobilidade elétrica está em crescimento acelerado em Portugal, com a expansão contínua da rede de pontos de carregamento públicos e privados. Uma das questões mais frequentes entre novos utilizadores e interessados em veículos elétricos é compreender o tempo necessário para carregar a bateria. A resposta não é simples nem única, variando significativamente conforme múltiplos fatores técnicos e práticos que exploraremos em detalhe.
O carregamento de um veículo elétrico pode demorar desde apenas 15 minutos em estações ultrarrápidas até mais de 24 horas em tomadas domésticas convencionais. Esta amplitude temporal tão vasta deve-se à interação entre diferentes variáveis: a capacidade da bateria do veículo, a potência do ponto de carregamento, o estado inicial de carga da bateria e as condições ambientais durante o processo.
Tabela de referência rápida (ordens de grandeza)
Valores indicativos. O tempo real depende de múltiplos fatores.
Cenário |
Potência típica |
Janela de carga |
Tempo indicativo |
Tomada doméstica (Schuko) |
~2,3 kW |
0–100% |
24–30 h (bateria ~60 kWh) |
Wallbox monofásico |
3,7 kW |
0–100% |
15–22 h (50–60 kWh) |
Wallbox 7,4 kW |
7,4 kW |
0–100% |
8–12 h (50–60 kWh) |
AC trifásico |
11 kW |
0–100% |
6–9 h (60–75 kWh) |
DC “rápido” |
50 kW |
10–80% |
~40–60 min |
DC “rápido” |
100–150 kW |
10–80% |
~20–35 min |
DC “ultrarrápido” |
200–350 kW |
10–80% |
~15–25 min |
Fatores que influenciam o tempo de carregamento
A tipologia do veículo, o tipo de bateria e nível de carga, o tipo de corrente e a temperatura, são fatores determinantes que influenciam o tempo de carregamento. Cada um destes elementos desempenha um papel específico na velocidade e eficiência do processo de carregamento.
A capacidade da bateria, medida em quilowatt-hora (kWh), representa a quantidade total de energia que pode armazenar. Veículos com baterias maiores demoram mais para carregar, mas também oferecem maior autonomia. Um veículo com bateria de 60 kWh necessitará naturalmente de mais tempo para carregar completamente do que um com bateria de 40 kWh, utilizando o mesmo carregador.
O estado de carga inicial constitui outro fator determinante. Caso a bateria se encontre abaixo dos 20% ou acima dos 80%, a velocidade de carregamento vai diminuir, chegando mesmo a valores muito baixos quando se aproxima dos 100%. Este comportamento protege a longevidade da bateria e otimiza o seu desempenho a longo prazo.
A infraestrutura elétrica do local de carregamento também impõe limitações importantes. As instalações monofásicas permitem potências contratadas até 10,35 kVA, o que, na prática, corresponde a carregadores até aproximadamente 7,4 kW. As instalações trifásicas permitem potências até 41,4 kVA, possibilitando carregadores de 11 kW ou 22 kW. Esta diferença fundamental determina a potência máxima disponível para o carregamento.
As condições climatéricas exercem igualmente influência significativa no processo. Temperaturas extremas, seja frio ou calor, podem influenciar o tempo de carregamento. Em temperaturas particularmente baixas, a bateria necessita primeiro de atingir uma temperatura operacional adequada antes de aceitar carga à velocidade máxima, prolongando o tempo total de todo o processo.

Tempo de carregamento de um carro elétrico tendo em conta os tipos de carregamento
Em Portugal, existem diferentes categorias de pontos de carregamento, cada uma com características específicas de potência e tempo de carregamento:
- Posto de carregamento normal (PCN): potência de carregamento igual ou inferior a 7,4 kW.
- Posto de carregamento semirrápido (PCSR): potência de carregamento superior a 7,4 kW e inferior a 22 kW.
- Posto de carregamento rápido (PCR): potência de carregamento superior a 22 kW e inferior a 150 kW.
- Posto de carregamento ultrarrápido (PCUR): potência de carregamento superior a 150 kW.
Para os carregamentos domésticos, as opções variam desde tomadas convencionais até wallboxes dedicadas. O carregamento lento envolve a utilização de uma tomada doméstica padrão, com uma bateria a levar geralmente mais de 24 horas a carregar completamente. Esta solução, embora seja a mais acessível, apresenta limitações de segurança e eficiência para uso regular. As wallboxes domésticas representam uma evolução significativa em termos de segurança e rapidez. Para uma moradia ou um prédio, uma wallbox de 7,4 kW é muitas vezes a melhor opção possível, permitindo recuperar em média 40 km de autonomia numa hora. Esta alternativa equilibra o investimento necessário com a conveniência do carregamento à noite, sendo apropriada para a maioria dos utilizadores domésticos.
Os postos de carregamento rápido, tipicamente encontrados em áreas de serviço e centros comerciais, oferecem velocidades substancialmente superiores e permitem carregar um veículo elétrico até 80% de autonomia em cerca de 20 a 30 minutos. Esta rapidez torna-os ideais para viagens longas ou situações onde o tempo é limitado.
A categoria mais recente, os postos ultrarrápidos, eleva ainda mais o patamar de velocidade. Posto de carregamento ultrarrápido (PCUR): potência de carregamento a partir de 150 kW. Pode permitir o carregamento de um veículo elétrico em cerca de 15 minutos. Estes equipamentos de última geração aproximam-se do tempo de um abastecimento convencional, transformando a experiência de carregamento em viagens longas.
De uma maneira geral, pode carregar 80% da bateria em cerca de 30 minutos nos postos ultrarrápidos e em 1 hora nos rápidos. Esta referência aos 80% é particularmente relevante porque o carregamento completo até 100% raramente é necessário no uso quotidiano, além de ser significativamente mais demorado devido à redução progressiva da velocidade de carregamento.
Fórmula para calcular o tempo de carregamento
O cálculo do tempo de carregamento é simples mas fundamental para compreender o processo. A fórmula básica utilizada para calcular o tempo de carregamento é a seguinte:
Tempo de carregamento (horas) = Capacidade da bateria (kWh) / Potência do carregador (kW)
Aplicando esta fórmula a um exemplo prático: caso um carro elétrico tenha uma bateria de 60 kWh e um carregador de nível 2 com uma potência de 7,2 kW, o cálculo seria: 60 kWh ÷ 7,2 kW = 8,33 horas. Este resultado representa o tempo teórico necessário para carregar completamente a bateria em condições ideais.
Contudo, a realidade apresenta variáveis adicionais que devem ser consideradas. Este cálculo assume uma eficiência de carregamento de 100%, mas, na prática, pode ser relativamente menor devido a perdas de energia durante o processo. A eficiência de carregamento, de modo geral, está entre 85% e 95%.
Para obter um cálculo mais preciso, a fórmula deve incorporar o fator de eficiência: Tempo de carregamento ajustado = Capacidade da bateria (kWh) / (Potência do carregador (kW) × Eficiência). Utilizando o mesmo exemplo anterior com uma eficiência de 90%, o tempo real seria aproximadamente 9,3 horas.
É importante compreender que a potência de carregamento é sempre a mais baixa disponível entre todos os componentes do sistema. Se a rede elétrica oferece 4 kW, o ponto de carregamento suporta 7 kW e o carregador interno do veículo aceita 11 kW, o carregamento ocorrerá apenas a 4 kW, limitado pelo elemento mais fraco da cadeia.
Quanto tempo demora o carregamento de um Tesla?
Os veículos Tesla beneficiam do acesso à rede de Superchargers, que representa atualmente uma das infraestruturas de carregamento rápido mais desenvolvidas globalmente.
Pode carregar um Tesla Model 3 com uma potência até 11 kW numa recarga regular, o que permite carregamentos noturnos eficientes em ambiente doméstico com uma wallbox adequada.
Nos Superchargers, a experiência é significativamente diferente. O típico é carregar entre 30 a 40 minutos para chegar a 80%. Para "encher" a bateria é necessário cerca de uma hora. Esta diferença temporal entre carregar até 80% e até 100% ilustra perfeitamente a curva de carregamento característica das baterias de iões de lítio.
A rede de Superchargers em Portugal compreende postos V2 (até 150 kW, com partilha de potência por pares A/B) e V3 (até 250 kW por veículo). Nos V3, não há partilha com o posto adjacente, pelo que a potência de pico não é dividida entre dois carros no mesmo par. Ainda assim, a potência efetiva pode variar com o estado da bateria, a gestão do local e outras condições, pelo que o pico não é garantido em todas as situações. Portugal está a receber os novos Superchargers V4 com potências significativamente mais elevadas (até cerca de 325 kW atualmente), já instalados em alguns postos. Estes mantêm a arquitetura de potência dedicada sem partilha, introduzida na V3.
Com o desenvolvimento contínuo da tecnologia de baterias e infraestruturas de carregamento, os tempos continuarão a diminuir, aproximando cada vez mais a experiência de carregamento elétrico da rapidez e conveniência dos abastecimentos tradicionais. Na rede alargada de Estações de Serviço da Repsol onde encontra cada vez mais pontos de carregamento para veículos elétricos. Adira à Mobilidade elétrica e utilize o cartão de carregamento em qualquer ponto público em Portugal e pode acumular até 20% em saldo My Repsol.