As tarifas indexadas ganharam destaque em 2024-2025 graças à queda dos preços grossistas e à maior transparência dos comercializadores. Em vez de um valor fixo por kWh durante 12 meses, o cliente paga o valor que a eletricidade atingiu no Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL), acrescido de uma margem de gestão. O modelo pode reduzir a fatura, mas exige atenção aos movimentos do mercado. A seguir explicamos, com base em dados públicos da OMIE e da ERSE, como funciona a fórmula, onde obter o preço spot e de que forma comparar esta opção com tarifas em que o preço do kWh é igual durante 12 meses.
O que é a tarifa indexada e como funciona?
Uma tarifa indexada liga diretamente o preço final ao PMSp, o preço marginal horário publicado diariamente pela OMIE. O comercializador soma-lhe:
- Custo de gestão (ou QTarifa na terminologia da Repsol): cobre previsão de consumo, desvio de balanço e serviços de sistema
- Perdas de rede (Perdash): coeficientes definidos anualmente conforme a metodologia aprovada pela ERSE (Diretiva ERSE n.º 19/2023) para cada período horário. Podem ser consultados aqui.
- Impostos e tarifas de acesso: iguais para todas as ofertas do mercado.
O cliente paga, portanto, o mesmo valor que as empresas de energia pagam no leilão diário, mais uma comissão transparente, sem o designado "prémio de risco". Nos meses em que as energias solares e eólicas puxam o preço grossista para baixo, este benefício reflete-se logo na fatura, por conseguinte, em meses onde o vento abunda, normalmente, os mercados refletem no preço o aumento da energia gerada.
A fórmula de cálculo da tarifa indexada: passo a passo
Há cinco parcelas que compõem a energia ativa faturada:
- Pomieh – preço marginal horário obtido no mercado diário.
- Perdash – perdas técnicas da baixa tensão.
- FA - Fator de adequação, corresponde à constante 1,03.
- QTarifa – custo fixo por kWh que remunera gestão e serviços complementares.
- Consumoh – a energia que realmente gastou em cada bloco de 15 minutos (contabilizada pelos contadores inteligentes).
Custo da energia = Σ ((Pomieh × (1+ Perdash) × FA + QTarifa) × Consumoh)
Após este cálculo, juntam-se os valores de:
- Potência contratada
- Tarifas de acesso às redes, Tarifas de Energia reativa (se aplicável)
- IEC, CAV e IVA
Onde encontrar o preço spot da eletricidade?
O site da OMIE publica os preços horários do próprio dia e do dia seguinte. Esta página mostra o preço médio e a curva por hora, podendo ainda consultar os valores anteriores até 1 ano atrás, assim como os valores futuros, através de uma estimativa realizada pela entidade.
Se pretender receber alertas sobre estes preços, pode instalar a aplicação para smartphone OMI-APP e definir notificações quando o preço ultrapasse um valor por si definido, como, por exemplo, 150 €/MWh.
Para converter MWh em kWh basta dividir por 1000. Ex.: 101,98 €/MWh equivalem a 0,10198 €/kWh.
Vantagens e desvantagens da tarifa indexada
Vantagens
- Preços do mercado grossista: paga o valor de mercado, sem prémio de risco.
- Poupança potencial: só a título de exemplo e com base nos dados da ERSE, nos dois primeiros trimestres de 2025 foi possível poupar na tarifa de eletricidade indexada face ao mercado regulado.
- Transparência total: a fórmula de cálculo está publicada no contrato e os clientes podem comprovar o seu valor.
- Sem fidelização: muitos contratos deste tipo de tarifa não obrigam a período de fidelização.
Desvantagens
- Volatilidade: picos de frio ou de calor podem aumentar significativamente o preço durante algumas horas.
- Necessidade de acompanhamento: é aconselhável vigiar o OMIE ou usar alertas para evitar surpresas.
- Requisitos de potência: ligar todos os grandes aparelhos nas horas baratas pode exigir uma potência mais alta, aumentando o termo fixo.

A tarifa indexada é adequada para mim?
Perfil de consumo |
Indexada faz sentido? |
Porquê |
Teletrabalho, casa ocupada todo o dia |
Sim se for flexível nos horários de uso |
Pode adiar máquinas para períodos mais baratos |
Família que janta às 20 h |
Talvez |
Preços mais altos das 19-22 h tendem; é melhor compensar o consumo nos períodos mais baratos |
Apartamento arrendado a curto prazo |
Não |
Os hóspedes não controlam horários; risco de picos de preços mais caros |
Pequena empresa com carga 24 h |
Sim |
Aproveita médias mensais mais baixas do que com o preço fixo |
Como comparar a tarifa indexada com outras tarifas?
- Recolha 12 meses de faturas e extraia o valor de kWh em vazio e fora de vazio.
- Calcule o custo médio da tarifa indexada:
- Importe um ficheiro CSV com os preços do mercado a partir do site OMIE;
- Aplique a fórmula Repsol com o seu perfil horário;
- Some os custos de gestão, perdas e tarifas de acesso.
- Use o simulador da ERSE e compare.
- Considere o risco: se a poupança esperada for relativamente reduzida (por exemplo, 1-5%), talvez valha a pena pensar duas vezes.
Tarifa indexada Repsol: saiba mais
A Tarifa Leve Sem Mais aplica a fórmula descrita acima, adiciona um custo fixo QTarifa. Esta tarifa da Repsol, apesar de indexada, permite-lhe, de igual modo, aceder a benefícios e poupanças noutras energias, com descontos em combustível, em carregamentos de veículos elétricos e garrafas de gás, para além de mais benefícios e vantagens. Se quiser, pode contratar online com toda a facilidade.
A tarifa indexada oferece ao consumidor doméstico o mesmo preço que os grandes compradores pagam no leilão diário do mercado ibérico de eletricidade. Se consegue acompanhar os valores da OMIE, possui alguma flexibilidade para deslocar consumos e quer aproveitar os meses em que o vento e o sol fazem cair o preço, esta opção pode traduzir-se numa poupança visível. Contudo, exige disciplina de monitorização e tolerância a oscilações mensais.