O que é?
O GNV é gás natural usado como combustível para veículos. Aparece sobretudo em duas versões: GNC (gás comprimido), típico de ligeiros e autocarros urbanos, e GNL (gás liquefeito), mais comum em camiões de longo curso pela maior autonomia. Em Portugal, o gás chega por gasoduto a partir de Espanha e pelo terminal de GNL de Sines, que regaseifica e envia para a rede.
Em que formas se disponibiliza?
- GNC (Comprimido): o gás vai em garrafas "tipo botija" no automóvel/camião. É a solução mais fácil de encontrar em centros urbanos e corredores logísticos.
- GNL (Liquefeito): o gás é arrefecido até cerca de −162 °C, fica líquido, e só é vaporizado antes de entrar no motor. É a escolha típica para pesados que fazem muitos quilómetros seguidos.
Como funciona um carro a GNV?
Na prática, abastecer GNC é parecido com abastecer gasolina/gasóleo: encosta-se o veículo à bomba, insere-se a pistola ao bocal, carrega-se no botão e a bomba desliga sozinha quando atinge a pressão certa. Num posto de carregamento rápido, um carro demora 3 a 5 minutos a encher e um pesado demora menos de 10.
Quais as vantagens?
- Custo por km normalmente mais baixo: a ERSE mostrou num exemplo recente que, com 20 €, um ligeiro percorria cerca de 295 km em GNC, contra mais ou menos 259 km a gasóleo e aproximadamente 202 km a gasolina. O custo por km do GNV ficava a rondar os 14% abaixo do gasóleo nesse cenário. (É um exemplo indicativo e confirme sempre os preços atuais.)
- Abastecimento simples e rápido: em carregamento rápido, encher o depósito leva poucos minutos e a bomba desliga-se sozinha.
- Cidade (ar mais limpo): muitas frotas urbanas usam GNC porque tendem a emitir menos NOx em operação real do que gasóleo moderno, o que é útil em ruas com muito para-arranca. Resultados variam com o percurso e a afinação do motor, mas o princípio é este.
- Pode ser renovável: se o posto disponibilizar biometano (mesmas bombas, mesmo carro), reduz a pegada de carbono no ciclo de total de produção e consumo.
E as desvantagens?
- Rede pequena em Portugal: poucos pontos públicos e concentrados; pouco prático para quem abastece em várias zonas.
- Pouca oferta de veículos novos a GNV: no segmento ligeiro, a tecnologia recuou em vários mercados europeus.
- Menos espaço e autonomia: os depósitos ocupam volume (porta-bagagens menores) e a autonomia em gás é geralmente mais curta, exigindo planeamento mais cuidadoso nas deslocações.
- Ganho climático condicionado: se houver fugas de metano, quer na produção, quer no consumo, há impacto com gases com efeito de estufa. Com o biometano esta questão é menos premente.
- Regras/inspeções específicas: a instalação e o uso têm exigências técnicas adicionais face a gasolina/gasóleo.

Há incentivos fiscais para a utilização do GNV?
Depende do perfil de consumidor, se é empresa ou particular. Para particulares, não há apoios diretos para comprar veículos a GNV; a "vantagem" é sobretudo o custo por km (quando tem posto por perto). Para empresas, há regras específicas em IRC (tributação autónoma), IVA (aquisição/locação e combustíveis) e IEC/ISP (imposto sobre energia) que podem tornar o GNV mais interessante.
Converter carro para GNV
O essencial
- Instala-se um kit homologado (UN/ECE R110) numa oficina habilitada, faz-se inspeção específica ao sistema de gás e a IPO com certificado recente, aplica-se dístico e averba-se no IMT o novo combustível. É necessário indicar a alteração à seguradora.
- As garrafas (GNC) inspecionam-se a cada 4 anos; depósitos GNL a cada 10 anos.
- A rede pública de GNV em Portugal é reduzida: antes de avançar, confirme se tem posto no seu trajeto (senão, a poupança dilui-se).
O carro é compatível?
- Gasolina (injeção indireta ou direta): regra geral, sim. Fica bifuel (arranca a gasolina e passa a GN em andamento).
- Gasóleo: só com sistemas dual-fuel específicos; menos comum em ligeiros.
- Tenha em conta perda de espaço na bagageira e algum acréscimo de peso pelas garrafas.
Custos típicos (indicativos)
- Kit GNV (4 cilindros a gasolina): 1300–1600 € (peças).
- Some mão de obra, inspeção GN, IPO e averbamento no IMT (taxa ~50 €).
- O total varia com o motor (injeção direta encarece), n.º/volume das garrafas e a integração no modelo.
- Faça 2–3 orçamentos "chave-na-mão" e confirme que todos os componentes têm referência R110 e que a oficina cumpre a regulamentação nacional.
GNV é seguro? Mitos e verdades
- "Gás é mais perigoso." Os sistemas de GNC/GNL têm válvulas de segurança e as bombas desligam automaticamente. Em utilização normal e com manutenção em dia, o nível de segurança é comparável ao de combustíveis líquidos.
- "Uma fuga fica junto ao chão." O metano é mais leve do que o ar, dissipando para cima e para os lados em espaço aberto. Em locais fechados, é preciso ventilação, tal como com qualquer combustível.
- "Qualquer mistura explode." Só há risco entre 5% e 15% de metano no ar e a temperatura de autoignição ronda os 540 °C.
Onde abastecer?
A rede de GNV (GNC/GNL) em Portugal ainda é reduzida. Há relativamente poucos pontos públicos, num total de cerca de 30 estações no país, o que ajuda a perceber por que motivo o GNV ainda não serve bem para o uso diário de muita gente.
Para uso regular, o GPL/Autogás está muito mais disseminado e prático. A Repsol tem uma rede nacional de mais de 500 estações de serviço em Portugal e cerca de 90 fornecem o AutoGás, dando outra tranquilidade para o dia a dia.